Você conhece realmente a obra de Kardec? No Brasil, se faz realmente o espiritismo como Kardec pretendia? Como lidar com o dinheiro e, ao mesmo tempo, ser fiel aos princípios do codificador? E a grande pergunta final: por que o espiritismo não deu certo na Europa e caminha a passos lentos no resto do mundo?
Apresento neste artigo minha análise sobre o tema. Depois que você o ler totalmente, até o final, quero que faça uma reflexão com sinceridade e deixe suas impressões.
O dinheiro e a postura de Kardec
Você conhece realmente a obra de Kardec? No Brasil, se faz realmente o espiritismo como Kardec pretendia? Como lidar com o dinheiro e, ao mesmo tempo, ser fiel aos princípios do codificador? E a grande pergunta final: por que o espiritismo não deu certo na Europa e caminha a passos lentos no resto do mundo?
Topa fazer uma análise comigo? Será que você tem coragem de mergulhar um pouco na história do espiritismo? Vamos lá!
história do espiritismo? Vamos lá!
Ao estudarmos as obras de Allan Kardec, notamos o quanto ele desempenhou muito bem o seu papel de codificador e, além de tudo, de divulgador da causa e da doutrina espírita. A essa conclusão se pode chegar claramente após as leituras da Revista espírita, e dos livros Viagem espírita e Obras póstumas, todos de Allan Kardec e quase desconhecidos do movimento espírita e dos pseudossábios e pseudoespiritualizados.
O codificador elaborou uma revista mensal com textos muito bem-escritos, linguagem clara e acessível, tanto quanto com qualidade impecável para a sua época. Na Revista espírita, ele relatava suas experiências como divulgador e propagador da doutrina em si e dava respostas aos seus críticos. O que muita gente não sabe é que ele não media palavras para responder a pessoas levianas e mal-intencionadas que o afrontavam acusando-o de diversas coisas, inclusive de viver com dinheiro da doutrina espírita.
Por muitos anos, a Revista espírita cresceu, se propagou e se transformou num meio de comunicação entre o codificador e os diversos núcleos espíritas que se iam formando na França e fora dela. Foi um sucesso tal que chegou a ter assinantes em outros países do mundo, o que denotava a capacidade de Kardec de elaborar bem as questões apresentadas e sua competência na divulgação e na defesa dos postulados espíritas, apesar dos obstáculos que ele enfrentava em sua época para transporte e entrega da Revista espírita a quem a assinava. A repercussão foi tanta que o próprio Kardec teve a iniciativa de sair ele mesmo vendendo exemplares da revista por onde andava, divulgando a doutrina, além de fazer exposições, palestras e vender livros espíritas.
Ele os vendia, e não dava de graça. Inclusive, chegou a defender a ideia de que os livros espíritas não deveriam ser vendidos mais baratos que os demais. Sim, leia a Revista espírita e Viagem espírita. Enquanto viajava para a divulgação da doutrina, Kardec percebeu que podia encomendar retratos de si e vendê-los para manter sua obra. Assim o fez, várias vezes, para arrecadar dinheiro, destinado às viagens de divulgação e à própria manutenção, inclusive vendendo o Livro dos espíritos, embora isso os espíritas, em geral, desconheçam ou não queiram saber.
Ao estudarmos o livro de Kardec intitulado Viagem espírita, conhecemos os detalhes e os resultados do que Kardec fazia. Caso você não tenha esse livro, adquira-o imediatamente e leia o seu conteúdo, pois é o que vamos analisar aqui, neste artigo.
A pergunta que se impõe é a seguinte: se fôssemos fazer um cálculo matemático, uma projeção lógica, qual seria a consequência mais razoável de uma divulgação da forma como Kardec fazia?
A resposta é lógica e inequívoca: a doutrina espírita alcançaria resultados mundiais, ou seja, ela se alastraria pelos países do mundo de maneira a atingir o objetivo do Espírito Verdade, que é levar aos quatro cantos da Terra a palavra dos Imortais. Como ocorria naqueles primeiros momentos na França, ela poderia se propagar em diversos outros países do mundo, e logo veríamos a Terra toda se encher das verdades espíritas.
Mas isso nunca aconteceu! Pelo menos até agora.
Mas por que nunca ocorreu isso? Diante de ideias tão claras, de uma doutrina tão maravilhosa e de argumentos tão lógicos como os empregados por Kardec, por que o espiritismo minguou e está cada vez mais difícil sua divulgação?
Caso tivesse se alastrado, como previra e queria o codificador, a doutrina espírita teria mudado radicalmente a história da humanidade. Mas isso realmente não ocorreu, nada disso se realizou. E por quê? Será que você conhece a realidade da história do espiritismo?
Por que, diante de um avanço tão marcante, da receptividade tão espontânea da população perante a mensagem espírita, pelo menos enquanto Kardec estava encarnado, de repente a divulgação murchou da forma como ocorreu assim que Kardec desencarnou? Por que houve retrocesso no alcance da mensagem espírita consoladora?
Minha pergunta, a quem quer que seja, é: você conhece a explicação para esse retrocesso no avanço do espiritismo no mundo?
Será que, após contextualizarmos a história do espiritismo, você seria capaz de entender, de responder por que o espiritismo não conquistou tantos adeptos na Europa e em outros continentes?
A resposta é: a “palhaçada” promovida por muitos espíritas não é coisa que venha de hoje, minha gente. É algo antigo, desde a época de Allan Kardec.
A atitude dos espíritas perante a divulgação da doutrina que dizem abraçar e defender foi o maior obstáculo que Allan Kardec enfrentou, o qual se enfrenta até os dias de hoje. Kardec foi o primeiro alvo da maldade de diversos espíritas; ele foi a primeira vítima, e o espiritismo, como doutrina, a segunda.
Allan Kardec fazia viagens espíritas pela Europa (vide o livro Viagem espírita), custeadas todas com o dinheiro do próprio bolso, quando ele vendia livros impressos às suas custas. Ele mesmo fazia as palestras, e, nas suas viagens, a divulgação fazia um enorme sucesso.
Em todos os lugares por onde ele andava, para onde ele viajava, a doutrina crescia, avançava e era conhecida pelo seu ardor, pela forma brilhante como ele expunha a mensagem espírita, pela convicção com que ele divulgava e falava da doutrina dos Imortais.
Na primeira viagem, eram 30 pessoas assistindo; quando ele retornava, no ano seguinte, eram muito mais de 200 pessoas, e isso crescia substancialmente a cada vez que ele viajava para divulgar a doutrina. Impressionantes os resultados obtidos por Kardec!
E novamente mais perguntas: Será que o codificador agradava aos espíritas parisienses de sua época? Com tamanho dinamismo, será que ele agradou aos seguidores da doutrina dentro da França?
Sabem qual é a resposta? É claro que não! Ele desagradou e muito aos espíritas de sua época e, principalmente, da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, instituição fundada por ele próprio.
O resultado do trabalho de Kardec provocou muita raiva nos espíritas de Paris. Vários comentários levianos, pretenso excesso de religiosismo e o desconhecimento total dos projetos dos espíritos fizeram com que os espíritas daquela época difamassem Kardec, acusando-o de todas as maneiras possíveis. A maledicência crescia contra o codificador, e os próprios espíritas falavam e divulgavam que Kardec estava ficando rico à custa da doutrina, que ganhava dinheiro com a venda dos livros. Ainda nos dias de hoje, esse “DNA” da acusação e do desconhecimento da proposta dos espíritos faz com que sobreviva em muita gente, inclusive em gente boa e em muitos seguidores da doutrina, a mesma atitude da época de Kardec. Ou seja, permanecem a maledicência e as acusações sérias, de conteúdo complexo, sobre quem faz o trabalho de divulgação ou mesmo sobre qualquer pessoa que esteja fazendo sucesso em sua obra ou trabalho espiritual.
Enfim, nos dias atuais, a situação é a mesma entre muitos que dizem defender a pureza doutrinária, mas continuam se comportando como os espíritas da época de Kardec. Esse comportamento começou em Paris, como reação dos espíritas que se incomodavam com pessoas que faziam sucesso na divulgação das ideias espíritas, mas não é somente isso. Vejamos a seguir.
Será que as sociedades francesa e parisiense daquela época não estavam de olho no comportamento dos espíritas e na conivência dos espíritas com o codificador, e com eles próprios, para ver se valeria a pena aceitarem que a doutrina dos espíritas, veio para renovar o mundo? Será que os franceses e o restante da Europa não ficavam de olho para verem se o comportamento dos espíritas era reflexo da mensagem que divulgavam, se suas atitudes eram realmente condizentes com os ensinamentos que o codificador espalhava pela Europa?
Ou seja, a prática do espiritismo entre eles próprios, os que pregavam a teoria espírita, era condizente com a amabilidade da doutrina pregada por Kardec? As atitudes dos espíritas perante o codificador refletiam a fraternidade, a tolerância, a humildade, a compreensão e a indulgência tanto faladas no Evangelho pregado pelos espíritas da época? Enfim, será que os espíritas praticavam a doutrina que diziam abraçar?
Bem, acredito sinceramente que, neste ponto das reflexões, já deu para você, leitor, ter uma reposta por si mesmo sobre o porquê de o espiritismo não ter dado certo na Europa. Os espíritas foram os maiores inimigos da doutrina que julgavam defender. O religiosismo exacerbado herdado do sistema judaico católico transferiu-se, junto com os espíritos reencarnados, para dentro do próprio movimento.
Diante das injúrias, dos ataques dos espíritas ao próprio codificador e de tudo o mais que falavam contra ele, Kardec escreveu a Revista espírita, a qual foi editada por diversas editoras espíritas no Brasil e cujo conteúdo, infelizmente, quase nenhum espírita ou defensor da pureza doutrinária conhece. Então, apresento aqui transcrição exata das palavras do codificador diante da situação enfrentada por ele no movimento espírita da sua época, ou diante das acusações feitas contra ele:
No volume de 1862 da Revista espírita, traduzida pelo Dr. Julio Abreu Filho e publicada pela Livraria Allan Kardec Editora (LAKE), de São Paulo, Allan Kardec escreveu:
“Não tenho que dar satisfação de meus negócios a ninguém”.
Não obstante, para que não se ficasse pensando que ele realmente ganhara dinheiro com os seus trabalhos, Kardec esclareceu:
“Entretanto, para contentar um pouco os curiosos, que se deveriam se meter apenas com o que é da sua conta, direi que, se tivesse vendido meus manuscritos, apenas teria usado do direito que todo trabalhador tem de vender o produto de seu trabalho...”
E vejam que Kardec não respondia com palavras suaves nem “passava a mão na cabeça” de ninguém.
O dinheiro e o movimento espírita
Ainda na Revista espírita (1862, pág. 179), há mais um trecho interessante e judicioso em que Kardec se expressa quase desabafando ante as acusações dos espíritas:
“Quanto ao lucro, que me pode vir da venda de minhas obras, não tenho que dar conta de seu montante, nem do emprego que lhe faço.”
E você sabia que Allan Kardec nunca teve nenhum constrangimento em cobrar dos médiuns para que participassem da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas? Sim! Isso mesmo. Ele tinha despesas, inclusive com o aluguel do imóvel onde funcionava a sociedade, e cobrava dos médiuns para que pudessem participar das sessões, dos estudos ali realizados. Não era de graça. Então dá para se ter uma ideia de por que o espiritismo não vingou naquela época: os espíritas foram o maior empecilho para a divulgação das ideias espíritas.
Agora, dando um salto no tempo para os dias atuais, a pergunta é a mesma daquela época de Kardec, embora a resposta tenha se ampliado ainda mais:
Por que cobrar? Como fazer divulgação espírita nos dias atuais sem dinheiro?
Bem, não sei quanto a todos os diletos “irmãos” que trabalham na divulgação da doutrina espírita, mas, quanto a nós, do Instituto Robson Pinheiro, do Colegiado de Guardiões e da Casa dos Espíritos Editora, darei a resposta conforme a nossa realidade atual.
Temos nossas obras sociais, nas quais atendemos a mais de 2 mil pessoas semanalmente e gratuitamente, na Universidade do Espírito de Minas Gerais. Contudo, com mais de 25 anos de atividades ininterruptas (desde 1992), descobrimos que dinheiro para manter essas obras não cai do céu nem se materializa em reuniões mediúnicas, como também não se materializava na época de Kardec.
Mantemos uma escola de espiritismo, cujos cursos presenciais são totalmente gratuitos o ano todo, com mais de 350 alunos estudando, sem pagarem nada pelas aulas, pelos cursos e pelos tratamentos a que se submetem. Disponibilizamos aqui, no portal dos Guardiões, o curso on-line gratuito de Mediunidade na Prática, com mais de 7.500 alunos inscritos, além de outros cursos que você pode conhecer e nos quais pode se inscrever.
Então, é preciso pagar as contas de manutenção, de água, luz, telefone, funcionários – isso mesmo, funcionários, e não voluntários espíritas espiritualizados e santificados. A editora, para sobreviver, tem de enfrentar os mesmos dilemas de qualquer outra empresa, inclusive a inflação, sobre a qual nós, da Casa dos Espíritos, não temos qualquer controle. Não somos nós que colocamos preço no papel para imprimir os livros; nem colocamos preço na mão de obra cobrada pelas gráficas; nem somos nós que estimulamos a inflação… Pois é, disso ninguém pode nos acusar.
Temos 6 funcionários trabalhando na editora diretamente e mais outros indiretamente, além de contratarmos uma empresa que presta serviços para a divulgação – fazendo as capas dos livros, a diagramação – e uma profissional responsável pela correção gramatical – que trabalha de maneira remunerada para a editora. Também pagamos pelo transporte dos livros, assim como todos os impostos e outros tributos que nos são obrigatórios; como toda empresa está sujeita a eles, com a Casa dos Espíritos não seria diferente, e nenhuma empresa que faça a divulgação da mensagem espírita está isenta desses gastos.
E quanto à internet, para transmissões de programas, diversos cursos e outras coisas do gênero, tais como este blog que leem? Acham que é de graça?
Talvez alguns não tenham notado nos eventos que promovemos a diminuição dos problemas que tínhamos na transmissão de mensagens, palestras e lançamento de livros. Precisamos fazer investimentos para sanar os problemas, e aqui vão alguns dos itens necessários para que possamos manter a produção de conteúdo em dia:
Compra de equipamentos necessários para manter uma boa transmissão, com qualidade. Licenciamento de softwares, isso mesmo, pois não pirateamos softwares, nós compramos licenças de uso e pagamos caro por isso.
Exclusivamente para mantermos as transmissões, gravarmos, fazermos edição dos vídeos e prestarmos suporte adequado, tirando dúvidas, oferecendo tecnologia de ponta, contamos com 8 profissionais, com um valor mensal de folha de pagamentos aproximado de 23 mil reais, o mínimo necessário para levar ao ar imagens, cursos, estudos, portal e tudo mais que disponibilizamos para o público. São profissionais de imagem e edição, pessoas que não dedicam nem podem dedicar de graça o seu tempo, pois trabalham quase 12 horas diariamente – assim como nós, precisam comer, pagar suas contas e pagar outros cursos que fazem para se capacitarem a realizar trabalhos satisfatórios e com qualidade.
E há o estúdio… ah! Isso é complexo. Muitas vezes tivemos de improvisar as gravações nos fundos de minha casa, mas o improviso mostrou-se complicado na hora da edição dos vídeos e do som, então, partimos para o aluguel do estúdio e, agora, investimos na construção do estúdio próprio, na Clínica Holística Joseph Gleber, para transmitir os programas que estamos elaborando e os demais cursos, gratuitos e pagos, para quem quiser. E olhe que, após conseguirmos o projeto arquitetônico e o trabalho do engenheiro gratuitamente, ainda assim, as despesas chegaram ao valor aproximado de 180 mil reais, e isso sem os equipamentos finais do estúdio, somente a construção em si. Inflação? Nada disso! Bem-vindo ao planeta Terra, ao mundo dos encarnados…
A compra de equipamentos é um fator que merece ser relatado mais detalhadamente a vocês. Não há como gravar, fazer edição de imagem e som sem iluminação apropriada, sem computadores preparados especialmente para isso, com seus programas, softwares e muito mais, além de cursos que nos ensinem a fazer tudo isso e que propiciem aos profissionais envolvidos – profissionais, e não voluntários – conhecimento para trabalharem com esses equipamentos.
Atualmente, adquirimos equipamentos como monitores e computadores e realizamos o pagamento de servidores para aguentar a demanda de pessoas acessando tudo (Amazon e outros servidores). O que direi mais?
Bem, se algo render de todo esse trabalho, vamos investir no término da construção da Clínica Holística Joseph Gleber e na Aruanda de Pai João, instituições localizadas, respectivamente, nas cidades de Sabará e Contagem, em Minas Gerais, e que realizam gratuitamente atendimentos nas áreas social, espiritual, mediúnica, de saúde física, entre outras atividades, juntamente com a Casa de Everilda Batista, respectivamente, nas cidades de Sabará e Contagem, em Minas Gerais.
Com tudo isso, após esses investimentos todos, que são possíveis, em geral, por meio dos cursos e eventos pagos, aí, sim, poderemos manter gratuitos os cursos presenciais e parte dos on-line, os quais, como vocês puderam constatar nos parágrafos acima, exigem investimentos em material e capacitação dos nossos professores.
Ou seja, os mesmos cursos e atendimentos que se podem oferecer gratuitamente só são possíveis graças aos cursos pagos que ministramos. Assim, às pessoas que não podem pagar, é oportunizada a matrícula nos cursos presenciais gratuitos, diretamente na Casa de Everilda Batista, ou nos cursos on-line, mas se sabendo o seguinte: aquilo que para alguns é de graça tem suas despesas arcadas por alguém. Isso posto, esclarecemos: “Dai de graça o que de graça recebestes” não se aplica ao nosso caso e a nenhuma outra instituição, empresa ou trabalho via internet ou presencial. Pelo menos para nós, o “de graça” nunca ocorreu. Sempre tivemos de pagar as despesas pela construção e pela manutenção de nossas obras sociais.
Porque cobrar?
Primeiro ponto: para a manutenção de tudo isso que falei anteriormente. Depois, como consequência, a cobrança de cursos, tanto quanto a gratuidade de outros, faz com que ocorra a natural seleção entre os realmente necessitados, os fofoqueiros, os caluniadores e os formadores de opinião. Isso é algo natural do processo.
Depois, o fato de cobrarmos pelos cursos, para manter a sua divulgação e investir na sua qualidade e na sua manutenção, contribui com a cultura de se investir em cultura, seja espiritual ou de forma geral. Sem cobrar, seria impossível a Robson Pinheiro, e a qualquer outro divulgador da mensagem espírita, manter todas as obras de graça para quem realmente necessita.
Ainda assim, caso sobre dinheiro, o que até agora não vimos ocorrer – ao contrário –, poderemos investir na divulgação espírita em outros países. Sabiam que, quando viajamos para outros países, os centros espíritas que nos convidam nunca pagam passagens, hospedagem nem alimentação? Nunca conseguimos contar sequer com ajuda de custo para as viagens. Inclusive, pagamos alto preço por excesso de bagagens ao levarmos livros e, também, o remédio energético Água Viva, o qual distribuímos gratuitamente nos centros da Europa e em outros continentes.
Para se ter uma ideia, em uma das viagens que fizemos, pagamos mais de 2000 dólares de excesso de peso por termos levado livros espíritas, os quais foram vendidos com desconto, e amargamos um sério prejuízo. Então, as pessoas que viajam comigo pagam do próprio bolso as passagens, as hospedagens e a alimentação. Sabia disso? Nenhum centro espírita paga essas despesas para os oradores, mesmo porque são caríssimas, e os investidores das companhias aéreas não são espíritas nem caridosos a ponto de isentar-nos das taxas das passagens, muito menos os responsáveis pelas hospedagens nos livram dos custos.
Pois bem, amigos, pensem um pouco nisso e façam as contas com suas calculadoras… de preferência, antes de xingarem, brigarem ou tentarem difamar qualquer orador espírita que cumpre uma tarefa de divulgação. Lembremo-nos de Kardec em sua época e entenderemos por que o codificador morreu angustiado com os espíritas – e com a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – que diziam que ele estava enriquecendo com o dinheiro da venda dos livros espíritas.
Outra questão se impõe, e eu a descobri com a experiência em meu trabalho profissional. Quando eu atendia como terapeuta holístico, em geral, eu tirava um dia na semana para atender de graça às pessoas que não podiam pagar, ou diziam não poder. Nenhuma destas, absolutamente nenhuma, chegou a concluir o tratamento ou o levou a sério. Nenhuma mesmo. Todas abandonaram o tratamento, exatamente porque não investiram um centavo nele.
E foi aí que descobri que temos três públicos:
O primeiro é composto por aqueles que realmente não podem pagar, mas lhes falta vontade de melhorar. Em geral, é o público mais exigente de todos.
O segundo grupo abrange os que dizem não poder pagar tratamento, cursos, especialização e cobram de todos, do governo, das pessoas dos médiuns, que tudo seja gratuito – são vampiros energéticos que vivem como sanguessugas espirituais. Esses não podem pagar cursos nem tratamento, nem nada, a não ser as cervejas, a TV por assinatura, a televisão de última geração, a manutenção do carro, o apartamento, algumas festinhas, mas investir em si mesmo, nada. E disso eu falo em meu curso de autodefesa.
E, finalmente, os formadores de opinião, os livres pensadores. Esses sabem o que querem, investem no autoconhecimento e incentivam outros a formarem opinião e se autotransformarem.
Para os dois primeiros públicos, temos as atividades gratuitas da nossa casa espírita – digo gratuitas para eles, pois nós pagamos as despesas. Hoje, para nossa casa abrir, somente a Casa de Everilda Batista, sem contar as outras instituições, temos um gasto fixo de 9.000,00 reais mensais. Isso para as pessoas receberem de graça os passes, as orientações mediúnicas, o magnetismo, a bioenergia, as psicografias de cartas consoladoras, as cirurgias espirituais – estas, sim, dependentes dos espíritos e, por isso, de graça. Inclusive, os cursos ministrados pela UniSpiritus (Universidade do Espírito de Minas Gerais) são absolutamente gratuitos. Ufa! Falei demais… mas ainda não acabou.
Bem, é bom entender que, na internet, nós não estamos fundando um centro espírita virtual. Isto aqui não é uma casa espírita, e a parte que podemos disponibilizar de graça precisa ser sustentada, ter suas despesas pagas e mantidas por alguém, isso sem falar no trabalho de divulgação espírita dentro e fora do Brasil. Portanto, nunca pretendi fazer deste espaço um centro espírita on-line, então, não se aplicam a nós os argumentos “tão caridosos e sensíveis” dos espíritas que herdaram o “DNA” diretamente da França do século XIX, da época de Kardec.
Nossa proposta não é sustentar a ignorância humana, mas formar livres pensadores; para isso, precisamos investir e ensinar a prática de investir em cultura.
Estão em andamento projetos de palestras gratuitas, como já temos em nosso site,
e temos em mente o objetivo de manter uma rede de pessoas bem informadas, com estudos perfeitamente acessíveis ao público, também de graça. Entretanto, se tudo, enfim, fosse de graça, já estaríamos falidos, pois nossas despesas já neste mês ultrapassam em muito o meu salário de profissional da área de terapias holísticas.
Quero deixar bem claro que a internet não é centro espírita, e os provedores, os profissionais que trabalham com imagem, som, eventos interativos, transmissão, manutenção, computadores, edição e estúdio não são médiuns espíritas, nem religiosos. Aliás, graças a Deus, a maioria absurda não é espírita, porque, se fosse, com certeza estaríamos transmitindo ainda com sinais de fumaça ou por fax, quando muito.
Finalmente, decodificando o perfil psicológico de quem quer tudo de graça, em geral são pessoas insatisfeitas com suas vidas, com o sistema, com a religião, com os médiuns, com Deus, com o universo. Em geral, mas nem sempre, são pessoas que não fazem nada de ostensivo e significativo para a formação de livres pensadores ou para a humanidade, que não construíram uma obra social nem a mantêm, que nunca entraram em contato com outras culturas nem experimentaram os desafios de se manter e manter a divulgação das ideias espirituais com recursos próprios.
Enfim, geralmente, mas nem sempre, infelizmente, são vampiros energéticos que querem tudo de graça, mas não hesitam em comprar carros caros, televisões, diversões, cervejas, lazer e outras coisas. São vampiros exigentes. Exigem sempre, mas nunca dão nada para a humanidade; porque isso custa! Doar custa caro, e o de graça, em geral, é muito caro para quem o faz.
E aí, para finalizar, agora dá para ter uma ideia de por que o espiritismo não vingou na Europa na época de Kardec, embora na Europa, atualmente, se veja o trabalho de verdadeiros missionários para divulgar o pensamento espírita, viajando e enfrentando dificuldades mil para sustentar a tarefa. Embora eu não seja missionário, quero lançar um desafio aqui: tentem, os detratores e caluniadores de plantão, sustentar uma obra por mais de 25 anos, atendendo gratuitamente a pelo menos 2 mil pessoas semanais; ministrar cursos presenciais semanais, durante o ano inteiro, sem cobrar nada em troca; manter atendimento a crianças carentes e famílias marginalizadas; publicar e divulgar livros, com a manutenção dessa divulgação, num país em que se pagam cada dia mais tributos e onde a inflação e o preço final do produto não dependem de você, mas, entre outros fatores, do controle ou do descontrole do governo.
Tente fazer isso por pelo menos 25 anos ininterruptos e você terá uma pálida visão do que enfrentou Kardec nos dias dele e do que enfrentamos nos dias nossos. Depois de ver, viver e vivenciar tudo isso, parafraseando Jesus e o apóstolo Thiago: “Atire a primeira pedra quem estiver sem pecado” e “Mostra-me a sua fé sem as obras e lhe mostrarei a minha fé pelas minhas obras”.
Robson Pinheiro
A serviço dos Guardiões da Humanidade
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